Crônicas de Elyrion - O Vale Esquecido Cap.2

 
Capítulo 2
 

O Despertar das Marcas

O ar era diferente ali. Tinha cheiro de relva molhada e névoa antiga, e o céu parecia pulsar em tons de dourado e violeta. Ao redor de Lian e seus amigos, árvores de troncos prateados estalavam suavemente, como se respirassem. No alto, montanhas flutuantes se deslocavam lentamente, projetando sombras sobre lagos de luz líquida.

Lian deu alguns passos cambaleantes. Sentia o corpo leve, como se cada célula estivesse vibrando. Então, percebeu uma marca brilhando em sua mão. Um símbolo que não estava lá antes — três linhas curvas se entrelaçando como chamas. Ele ergueu o olhar, e viu que Kael, Mira e Nira também traziam símbolos diferentes gravados em suas peles, brilhando em tons azulados, como pequenas brasas.

— O que é isso…? murmurou Nira, olhando para a própria palma, onde um símbolo em forma de folha pulsava suavemente.

Antes que pudessem entender, uma criatura se aproximou. Era feita de névoa e luz, sua forma mudando a cada instante. Um rosto sem traços definidos surgiu, e sua voz ecoou diretamente nas mentes das crianças.

— Vocês atravessaram… e as Marcas despertaram. São portadores das chamas ancestrais. Os Filhos do Impacto.

O grupo se entreolhou, confuso e assustado.

— Chamas? Que marcas? perguntou Mira, erguendo os punhos como sempre fazia quando estava nervosa.

— Cada um de vocês carrega a essência do mundo antigo, fragmentos de poder adormecidos desde a queda de Veyra. Aqui, neste plano, suas habilidades despertarão. E precisarão delas. Pois as Sombras de Elyrion retornaram.

O nome pairou no ar como um trovão distante. Um calafrio percorreu a espinha de Lian.

Sem esperar resposta, a criatura de névoa apontou para os símbolos.

— Lian, Chama Primeva. Mira, Dom do Vento. Nira, Toque Vital. Kael, Sentinela da Essência. Aqui, vossas forças crescerão, mas vossos inimigos também.

Ao dizer isso, a floresta se agitou. Criaturas estranhas observavam à distância, olhos brilhando no escuro. Uma sensação de urgência se instalou.

— Sigam para o Santuário de Myr, onde os vossos caminhos serão revelados.

E com isso, a entidade se dissipou, como poeira na brisa.

O grupo se entreolhou, e Lian respirou fundo.

— Acho que a gente acabou de começar a maior aventura das nossas vidas.

Kael fechou os olhos, concentrado.

 — Há algo… vindo para cá.

Mira girou os punhos, sentindo o vento responder ao seu redor.

 — Então é melhor a gente ir antes que descubra a gente parado.

Sem mais palavras, correram floresta adentro, guiados pelo brilho das marcas e pelo instinto recém-desperto. Atrás deles, as sombras começaram a se mover.

Continua no Capítulo 3...

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