Capítulo 4
O Santuário Vivo
Ao deixarem o santuário para trás, o grupo seguiu por uma trilha estreita cercada de árvores translúcidas. Os símbolos em suas mãos continuavam a brilhar, mais fracos agora, mas ainda visíveis no crepúsculo permanente daquele lugar.
Lian notou primeiro. A cada passo, sentia algo como um calor suave subindo pelo peito, até a marca na palma pulsar, acompanhando as batidas do seu coração. Era como se o próprio ambiente conversasse com ele, um sussurro antigo se movendo no ar.
— Vocês… sentem isso? perguntou, parando e encarando os amigos.
Mira ergueu as mãos. O vento respondeu, sutil, brincando com as pontas dos seus cabelos.
— É como se tudo aqui… tivesse vida. Como se o ar visse a gente.
Kael se agachou, tocando o solo úmido. Pequenas faíscas azuladas dançaram em torno de seus dedos.
— Quando a gente usa esse… esse poder, parece que ele cresce. Como se quisesse mais.
Nira aproximou-se de uma planta com pétalas de vidro e passou os dedos sobre ela. O caule se endireitou, florescendo subitamente.
— Eu também sinto isso. Como se cada vez que a gente usa, ficasse… mais fácil. Mais forte.
Eles se entreolharam. Nenhum sabia explicar, mas algo dentro de si gritava que aquele lugar não era apenas estranho — ele os reconhecia.
Conforme caminhavam, notaram que pequenas luzes flutuantes os seguiam, e em certos momentos, a trilha desaparecia, só voltando a existir quando os símbolos em suas mãos brilhavam mais forte. Era como se a própria terra soubesse onde queriam chegar.
Em um trecho mais aberto, Mira olhou para o céu de nuvens douradas e falou, com a voz baixa:
— Acho que quanto mais a gente enfrenta… quanto mais usa… mais isso cresce. Como se a gente estivesse puxando alguma coisa do mundo pra dentro da gente.
Kael assentiu.
— Ou talvez seja o contrário… o mundo puxando a gente pra ele.
Lian olhou para a marca em sua mão, que ainda pulsava em tons avermelhados, e sentiu que estavam apenas no começo. Havia algo maior ali, forças antigas que despertavam, moldando-os. E com cada passo, cada uso daquele poder, estariam se tornando algo diferente, algo mais próximo do que aquele mundo esperava deles.
O Santuário de Myr ficava para trás, mas as marcas permaneciam vivas e famintas.

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